Tudo o que eu tô afim de falá e ninguém tá afim de ouví


O ano da Índia
23 de fevereiro de 2009, 11:59 AM
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No final do ano passado, li na Vogue que 2009 seria o ano da França no Brasil. No domingo de carnaval, a Grande Rio, escola de samba carioca, desfilou o tema na avenida. Acho que ambas estavam redondamente enganadas. Este é o ano da Índia.

A novela mais popular do canal mais assistido da televisão brasileira estrela o tema. Com Caminho das Índias, os telespectadores passam a ficar acostumados em tomar um tchai, aprendem a dançar em ritmo indiano, se habituam ao terceiro olho, panças de fora e sabem que tartarugas não são auspiciosas em dias de fechar negócio.

Na avenida do samba em São Paulo, a Índia também foi representada. A Pérola Negra aderiu à moda e desfilou com Ganesha na avenida. Sinceramente não sei como combinaram mulheres semi-nuas ao tradicionalismo do país asiático.

É claro que a Índia mostrada pela ficção noveleira e exibida no carnaval não é de toda verdade. Nem todas as famílias devem seguir rigorosamente os costumes, acreditar piamente na religião e castas, tratar as mulheres como seres inferiores e os Dalits pior que cães.

A Índia é um dos maiores exportadores de cérebros do mundo. Em especial, para os Estados Unidos. Principalmente na área da computação e novas tecnologias, os indianos não deixam a desejar em seu conhecimento e cobram menos por ele em compração a norte-americanos e europeus. A Índia ilustrada na novela esquece também da parte pobre, do pessoal que mora às margens do Ganges e faz as necessidades no rio – cuja água sagrada é usada para purificar!.

E o ano da Índia não é apenas brasileiro. Na festa do Oscar 2009, Quem quer ser um milionário? (Slumdog Millionaire) desbancou O Curioso caso de Benjamin Button. O filme inglês gravado na Índia, que não é bolly e sim holly, levou a estatueta mais cobiçada da noite.

Quem quer ser milionário é o nome de um programa de televisão similar ao Show do Milhão de Sílvio Santos. O participante responde às perguntas do apresentador, concorrendo a prêmios em dinheiro. O protagonista do filme, um pobre garoto indiano, é o participante do quiz e consegue passar as fases do jogo mesmo com poucos conhecimentos. O filme estréia no Brasil no dia 27 de fevereiro.



Uma rápida geral
16 de fevereiro de 2009, 5:36 PM
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A ocasião pede trajes especiais. Calças azuis, blusas largas e verdes, toucas brancas com luvas beges. Um verdadeiro desfile de cores pálidas sem trilha sonora. Não é baile de máscaras, mas todos as usam. O cheiro de álcool domina o ar. De repente, a tão aguardada adentra o salão. As luzes arrendondadas no teto tornam à convidada especial. Alguém pede que ela ocupe logo seu lugar: A maca no centro da sala.

Os lençóis são brancos e macios. Há um pequeno travesseiro sobre o qual encosta a cabeça e tenta relaxar. O avental que usa deixa as costas a mostra e é retirado para que o procedimento se inicie. O braço direito, esticado ao longo do corpo, recebe o medidor de pressão. São colados três adesivos redondos no peito. Posicionados estrategicamente para, ligados a cabos, lerem o que diz o coração. “Uma vez eu adivinhei o nome da menina que um paciente gostava só olhando no monitor. Nem ele acreditou”, brinca a doutora. A mão esquerda é picada pela agulha, e o líquido incolor da seringa nada pelo cano transparente a procura da veia.

“Não olha para mim senão vai sonhar comigo. É melhor pensar no Brad Pitt ou George Cloney. Se bem que eu acho que eles já eram”, diverte-se o dentista. A anestesista protesta, afirmando que Pitt e Cloney são eternos. A paciente ainda pode ouvir as risadas tímidas das enfermeiras, que queriam arriscar um palpite, mas não o fizeram a tempo. As luzes brilham um pouco mais do que antes, e as pálpebras não se sustentam. É hora de dormir.

Acordar depois de anestesia geral é uma experiência única. Deve ser algo próximo a ressusitação ou a casos de quase-morte. A cama de hospital nada lembra o gramado verde e úmido sobre o qual se andava. Ele recobre a montanha até o horizonte e lembra os desenhos de infância com aqueles vales intermináveis em forma de M. Não há tunéis, nem luzes no fim deles. Apenas o início da dor que não existia (ou que não era sentida até então).

A noção de abertura dos olhos é nula. Não se sabe mais como respira, nem qual o tom de voz mais adequado a uma CTI, muito menos se o coração está a bater. O esforço que se faz é para retornar ao sonho. “Está tudo bem. Já acabamos”, disse alguém. A enfermeira coloca os tubos verdes de oxigênio no nariz enquanto outra injeta um pouco mais de anestésico. “Deixa ela dormir”, alguém sugere.



TV Globo erra mais uma vez?
8 de fevereiro de 2009, 9:46 PM
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Errar é humano!

Errar é humano! Afinal, que disse "seu anjo não vai me bloquear"?

As participantes do reality show Big Brother Brasil, Milena e Priscila, são amigas desde o primeiro dia de programa. Esta semana, Milena, a loira amazonense, é o anjo da casa. Já a colega Priscila, a morena de Mato Grosso do Sul, é  líder.

Parece que a produção do programa anda mesmo confusa. Ao acessar o site da atração, uma das notícias postada no domingo, 8 de fevereiro, às 19h50, confunde os leitores: Afinal, quem disse “seu anjo não vai me bloquear”?? Certamente, pela interpretação da frase, foi a morena Priscila. Porém, ela não é amazonense. Quem nasceu em Manaus foi Milena. Então, disse à amazonense?

Ou a produção da Globo não sabe empregar a crase corretamente, ou não estudaram direito a vida dos participantes de seu próprio programa. Bacana hein!

E agora Bial? Vai rolar uma briguinha básica, com direito a gritos e faniquitos, no suite hoje?

*

IMAGEM SITE BBB:

Acima: “Seu anjo não vai me bloquear”, fala a amazonense.

Abaixo: “Seu anjo não vai me bloquear”, diz a morena.



Produção da TV Globo erra
8 de fevereiro de 2009, 1:13 PM
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Capa do site no sábado, 7

Capa do site do Big Brother Brasil no sábado, 7 de fevereiro

Ridículo talvez seja o adjetivo mais apropriado para descrever o que aconteceu na sexta-feira, 6 de fevereiro, na versão brasileira do reality show Big Brother. A prova pela liderança da semana havia acontecido na quinta, e Ralf foi o vencedor. No desempate contra Priscila, conseguiu catar o maior número de chinelos do patrocinador. Porém, na sexta-feira aparece a notícia de que ele seria destronado, pois colocou chinelos no cesto após o término do tempo.

Não foi má fé. Os movimentos do corpo humano talvez respondam mais rapidamente que o entendimento de comandos vocais. Ele largou o chinelo no cesto por reflexo. Apesar disso, Pedro Bial foi extremamente grosso ao dar a notícia ao participante, repetindo o vídeo do crime em flagrante por três vezes para que esse tivesse certeza do veridicto: Culpado!

Mais do que ridículo. Pedro Bial achou estar na sala de casa discutindo com sua mulher na sexta-feira. Pode ser que o diretor da atração Boninho estivesse a gritar no ponto em seu ouvido, mas mesmo assim a grosseria não se justifica. Na vida real, as pessoas têm a possibilidade de se explicar caso episódio semelhante ocorra. Se o programa transpõe a realidade humana em confinamento forçado 24 horas por dia, por que não deixar Ralf justificar, mesmo que inutilmente, seu ato falho?

O pior de tudo foi acessar o site do programa na noite de sábado e me deparar com a manchete “Produção da TV Globo erra: vídeo da prova do líder é exibido sem áudio”. Ao meu ver, apenas uma tentativa fajuta de justificar a grossura do apresentador. A produção do programa errou sim. Errou ao não fiscalizar a prova do líder no momento que ela estava sendo realizada. Pecou também por não conferir o vídeo e deixar, muito provavelmente, que o público denunciasse o ocorrido. E não é a primeira vez. Na edição 7 do programa, ocorreu caso semelhante em uma das provas pela liderança.

Dica útil: Que Pedro Bial faça aula de yoga e que Boninho escolha melhor seus produtores. Aliás, meu currículo está à disposição.



E agora, quem poderá nos ajudar?
30 de janeiro de 2009, 1:26 PM
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Embora as pautas sobre o aquecimento global estejam em baixa, todos sabem que uma mudança climática planetária é inevitável. Seja pelas vias naturais, pois há leis que regem a Terra e fazem com que seu clima mude de tempos em tempos – eras, ao que se sabe -, ou pela ação humana depredadora, como o aumento geométrico da população e poluíção, as catástrofes serão chamadas assim até que o homem se acostume com sua nova rotina.

Há de se creer que os primeiros efeitos estejam se apropriando do território brasileiro, desde o furacão Catarina, que atingiu as praias gaúchas e catarinenses em 2004, passando pelas enchentes em Santa Catarina na finaleira de 2008, até as novas chuvas no extremo sul do país logo no início de 2009. A passagem do Katrina por Nova Orleans em 2005 exemplifica a projeção catastrófica em escala mundial, muito embora os norte-americanos estejam mais acostumados com tormentas e furacões do que os colegas mais ao sul do continente.

Se é culpa do aquecimento global? Não sei especificar (ainda não possuo o diploma de geógrafa – favor frisar o ainda). Se há como reverter esse panorama? Chuto que não. Se tende a piorar? Apostaria algumas fichas nisso. E agora, quem poderá nos ajudar?

Nem Capitão Planeta, nem Jefferson Simões. É provável que ambos nada possam fazer com seus super poderes. O jeito é abrir um curso teórico-prático para ensinar aos brasileiros o que fazer em caso de furacão, porque as tormentas de verão tendem a se repetir nos próximos anos. Sorte que o Brasil está sobre a mesma placa tectônica, assim, pelo menos não é necessário aprender o que fazer em caso de terremotos.



Filosofia pessoal
20 de janeiro de 2009, 11:02 PM
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Ou trabalha ou fica bonita.

Se tiver os dois, é puta.



O cabelo de Alice Cullen
15 de janeiro de 2009, 11:42 PM
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alice2

O corte de Alice Cullen

Toda vez que entro no meu blog e vou verificar as estatísticas de visitas me deparo com “corte de cabelo de Alice Cullen” como um dos termos mais procurados que fazem chegar ao Cala Boca Fernanda. Também adorei o cabelo da vampira-irmã-emprestada do Edward, mas nem por isso fiquei pesquisando na internet sobre “como cortar o cabelo de modo que fique igual ao da moreninha Cullen do filme”.

Aliás, pesquisei sobre isso no Google. Logo no primeiro resultado aparece um tópico no fórum do Yahoo no qual alguma fã do corte pergunta a quem souber responder como imitar as madeixas. Ela ainda completa dizendo que seu cabelo é “grande e liso”. Quanto papo furado!! Amiga, imprime uma foto da Alice, vai em um salão legal e tá feito o carreto. Até porque a atriz Ashley Greene também tinha cabelo comprido antes de encarnar Alice.

Engraçado mesmo foi me deparar com o Jasper’s Army, uma espécie de comunidade dedicada ao namorado de Alice em Crepúsculo. Achei tosco, mas é engraçado. Especialmente na parte em que fazem descrições sobre o passado dos outros personagens da trama – se alguém descobrir a moral da coisa, me explique.

Enfim, lamento informar que em meu blog não será impossível encontrar a receita do corte de cabelo de Alice Cullen – minha vampira favorita. Mas, pesquisando bem, achei esse blog aqui que pode ajudar. Tudo indica que o cabelo da Alice é o tal de Pixie Cut, que faz também a cabeça de Rihanna, Victoria Beckham, Mariana Ximenes, entre outras.



Resenha de Sete Vidas
13 de janeiro de 2009, 11:19 PM
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Parece que Will Smith foi feito para sofrer. Com outra lição de moral – quase sempre inútil -, Sete Vidas é a mais recente prova disso. A exemplo de Eu sou a Lenda, Will enterra a sete palmos o engraçadinho de The Fresh Prince of Bel-air e encarna o maior sofredor do mundo – papel que parece protagonizar muito bem.

Se os cenários e as histórias ao redor forem suprimidos, Sete Vidas e Eu sou a Lenda correriam o risco de serem confundidos. Em ambos, os personagens de Will têm um animal de estimação que parecem ser seus únicos amigos. Mulheres quase-bonitas e pouco contato físico com elas circundam ambas as tramas, bem como cenas de Will sem camisa e com cara de-quem-comeu-e-não-gostou.

Aliás, a expressão de sofredor de Will no novo filme é melhor do que a cara de deboche conferida em The Fresh Prince ou M.I.B. Com mais espaço para mostrar seu talento – e belos braços -, Will interpreta o protagonista de Sete Vidas com aquela realidade que faz a gente se revirar na cadeira do cinema.

O filme conta a história de um homem que decide mudar a vida de sete desconhecidos. O objetivo é simples e parece ter sido copiado de filmes como A Corrente do Bem, estrelado por Haley J. Osment – o eterno “I see dead people”. A finalidade, no entanto, é um pouco diferente.

Sete Vidas é um daqueles filmes que faz parar para pensar depois que a sessão acaba. No cinema, a gente quer que acabe logo para saber aonde tudo aquilo vai dar. Mal se percebe o teor da trama, até porque as paisagens são comuns – qualquer cidade norte-americana – e as atitudes semelhantes às diárias – as pessoas acordam, comem, falam ao telefone, brigam, choram e se beijam. A reflexão chega só depois, quando o cérebro humano consegue processar os sentimentos e ações não passíveis de cálculo prévio. Acredito eu, o segredo das sete vidas.



Ei, táxi!
5 de janeiro de 2009, 7:27 PM
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As ruas de Porto Alegre abrigam 3.925 táxis. A maioria deles tem a lataria pintada de laranja, mas há também alguns brancos, que atendem ao aeroporto e antigamente cobravam tarifa diferenciada. A cidade conta com 168 pontos fixos e 135 livres, em 496.827 km² de área geográfica. São 362 habitantes para cada táxi.

Apesar disso, o número de taxistas supera 10.000. A maioria não dispõe de veículo próprio e trabalha para empresas ou aluga carro de terceiros. O meio de transporte individual divide espaço com a oferta de linhas de ônibus e lotações, que cobram tarifas de R$2,10 e R$3,50, respectivamente. Desde fevereiro de 2008, os taxímetros porto-alegrenses iniciam em R$3,10. Cada quilômetro rodado agrega R$1,55 ao total.

O serviço de transporte individual de passageiros é tão antigo quanto as civilizações. Com a aplicação do taxímetro, que taxa conforme a distância percorrida, os chamados carros de aluguel passam a ser conhecidos como táxis. A Lei nº 3.790, de 1973, regulamenta a atividade em Porto Alegre. Assim, para ser taxista não basta apenas possuir a um veículo, como também se torna obrigatório realizar cursos de capacitação e qualificação.

Em Brasília, os táxis oficiais disputam espaço com os carros particulares que fazem transporte ilegal de passageiros. Na rodoviária – como é conhecida a estação central de ônibus metropolitanos da capital federal, diferentemente de Porto Alegre, por exemplo – é possível constatar a presença de inúmeros veículos que realizam a atividade ilícita.

A cidade de São Paulo conta com 32.766 táxis licenciados, agregando o maior número nacional. Lá, são 1.253 habitantes por veículo, que têm lataria pintada de branco. A cidade possui também linhas de metrô subterrâneo e grande quantidade de veículos particulares, o que acarreta congestionamentos e conseqüentemente menor concentração de táxis per capita. O Rio de Janeiro, uma das cidades mais visitadas por turistas no país, abriga o maior volume de táxis. Há um carro amarelo com listras azuis para cada 180 pessoas.

O táxi é um meio de transporte conveniente, mas mais caro que os demais. Os taxistas podem ser comparados a pescadores, pois esperam sempre o próximo passageiro e reúnem histórias e passatempos diversos em seu ambiente de trabalho. Livres pelas ruas ou nas paradas, torcem pelos dias de chuva, véspera e retorno de finais de semana e feriados.

Uma constante é que as rodoviárias e aeroportos agrupam o maior número de táxis em qualquer lugar. Em Porto Alegre não é diferente. São 382 e 141 veículos, respectivamente, sendo os únicos a aceitarem pagamentos com cartão de crédito.

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Pedro Machado, 56 anos, 20 de profissão, o 2464

O táxi que dirijo é alugado. Divido a diária com outro motorista. Costumava trabalhar no ponto do aeroporto. Lá, os passageiros tem outro nível. São mais educados e fazem corridas mais longas. Mas o dono vendeu a frota e há dois anos tive que trocar aqui para a rodoviária. Por mim, tanto faz. Eu vou e volto pro ponto o dia todo.

Demora uns 15 minutos para chegar ao início da fila de novo. Enquanto isso, jogo cartas e damas com os colegas. Dá tempo também de tomar um cafezinho de vez em quando.

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 Jaqueline Lima, 32 anos, 10 de profissão, o 4612

Certa vez entrou uma mulher aos berros. Ela queria que eu seguisse um carro. Passamos a tarde perseguindo o marido dela, pois estava desconfiada de traíção. Eu tentava acalmar, dizia para não fazer barraco, não dar vexame. Ela gritava, chorava e dizia que iria matá-lo. A corrida foi cara, mais de cem reais, e não resultou em nada.

Divido o carro com meu pai. Ele que é o dono do corsa. Trabalho na rodoviária há dez anos. A gente paga uma mensalidade de R$56 para as despesas internas daqui. Mas eu gosto mesmo é de pegar passageiro na rua. Só fico no ponto em dia que não tem movimento.

Adoro a profissão. Antes eu era vendedora de loja, emprego sem muita emoção. Não me sinto excluída de forma alguma no ponto. Converso com os outros taxistas e não perco passageiro por ser mulher.

Esses dias um cara chegou e ordenou que eu seguisse um carro. Me contou que havia sido assaltado e queria alcançar os bandidos. Olhei para o vectra 2.2 que deveria perseguir e informei ao passageiro que meu carro é 1.0. Não valia a pena. Acabei deixando ele na delegacia de polícia.

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Osmar Lemanski, 53 anos, 6 de profissão, o 3952

Fui motorista de ônibus por 25 anos. Eu sou do tempo da lei antiga, que motorista só precisava trabalhar um quarto de século para se aposentar. Agora eu incremento meu orçamento como taxista.

O carro é alugado, mas eu sou o único motorista. Estou sempre aqui na rodoviária, é o melhor ponto da cidade. Táxi é chato de dirigir, pego muito trânsito e tenho que disputar espaço com esse monte de veículo, caminhonete e carroça que tem por aí. Ônibus é melhor. Tem corredor próprio, bem mais tranquilo.

Semana passada fui assaltado de novo. Foi a quarta vez. Dois motoqueiros encostaram do meu lado na sinaleira. Levaram dinheiro, celular e meu rádio. Esse tipo de coisa acontece direto com taxista. A minha sorte foi que nunca fizeram nada comigo. Desde sempre que somem táxis e até matam motoristas.

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Dirceu Machado, 66 anos, 36 de profissão, o 3906

O pessoal me chama de Borboleta por causa da minissérie da Globo, o Bem Amado. O prefeito da cidade construiu um cemitério e precisava de um morto pra inaugurar a obra. O assessor dele se chamava Dirceu e era caçador de borboletas. Daí, acabei denominado assim, graças ao Dirceu Borboleta.

Acho que 90% dos taxistas só conhecem pelo apelido. Eu fui um dos fundadores do primeiro serviço de rádio-táxi de Porto Alegre, o Cooptáxi. Por causa da rádio que fiquei famoso no meio.

Tenho táxi próprio. Carro recém comprado. Modelo 2009, ano 2008. Se eu fosse vender, valeria de 200 a 300 mil reais, incluindo a placa e espaço no ponto. Emplaquei em nove dias, com despachante particular. Pelo sindicato demora um mês. É bobagem pagar a mensalidade deles. Hoje não banco mais.

Sou um dos mais antigos aqui na rodoviária. Fora eu, deve ter mais uns três ou quatro que entraram na mesma época. Chego aqui às 4h todo dia. Às 11h, vou para casa almoçar e durmo até às 15h. Depois, retorno e fico até às 20h.



Mais sobre Crepúsculo
29 de dezembro de 2008, 2:47 PM
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Queria não gostar tanto de vampiros

Vampiros e mais vampiros

Levei apenas dez horas para ler as 380 páginas de Crepúsculo. Foram dez horas seguidas, iniciadas às 4 da manhã de domingo. É simplesmente impossível parar, ainda mais depois que se viu o filme e sabe-se o que está por vir nas próximas linhas.

Recomendo o livro especialmente após a ida ao cinema. É mais fácil partir para a leitura quando os personagens têm rostos definidos (e é tão bom passar a madrugada lembrando Edward Cullen). Além disso, o livro contém passagens que não são mostradas no filme, como a transformação de Carlisle e Alice, e o porquê do interesse do predador por Bella.

Na comparação fica claro que o roteiro cinematográfico foi adaptado, uma vez que se suprimiram certas cenas e emendaram-se alguns trechos, principalmente nas partes em que a protagonista descobre os segredos do amado. Uma pena é a retirada do episódio em que Bella passa mal na aula de Biologia após sentir cheiro de sangue (antes que perguntem, Edward matou aula nesse dia).

Entre os pontos positivos está a preservação de grande parte das falas principais, como o trecho em que Bella diz nunca ter imaginado a forma como ia morrer, mas que achava nobre morrer por alguém que ama, ou então quando ela questiona Edward sobre sua idade e ele alega ter 17 anos há algum tempo (o que ficou um ótimo chamariz no trailer do longa). A família Cullen está muito bem representada no filme e é exatamente como o descrito no texto de Meyer. Até mesmo o corte de cabelo de Alice, a exuberância de Rosalie e a beleza de Carlisle são exatas. Bella e Mike também ilustram com exatidão seus personagens literários. Jacob aparenta ser um pouco mais velho no cinema, pois no livro tem 14 ou 15 anos.

Achei a Bella do livro mais melosa e chatinha ao compará-la com a do filme, o que representa um avanço na adaptação. O chefe de polícia Swan parece mais frio no texto, e a lanchonete onde jantam existe apenas no roteiro cinematográfico. Além disso, as caçadas dos vampiros maus provavelmente foram inventadas para explicar ao público rapidamente quem são eles e como surgiram, pois no livro eles aparecem em Forks apenas no dia do jogo de beisebol da família.

Um ponto interessante é que o livro explica seu título. Crepúsculo é o marco do início da noite. Aquele momento em que o Sol já desapareceu no horizonte, mas seus raios ainda colorem o céu, iluminando a noite. Em Geografia chama-se efemérides noturno, a hora exata em que o dia torna-se noite.

Aliás, poderia citar inúmeras considerações sobre as obras, mas acho que vale a pena descobrir as diferenças entre literatura e cinema sozinho. Pretendo ler Lua Nova logo no início de 2009. Uma amiga me disse que é melhor do que o primeiro, mas eu duvido. Gostaria de ver o filme antes, mas acho difícil aguardar até o final do próximo ano. E ainda tem Eclipse depois.